quarta-feira, 7 de janeiro de 2009

Espere aí que já a chamam...

Não me sei orientar em hospitais. Não sei. Não vale a pena. Felizmente nunca tive necessidade de os visitar com a frequência suficiente para ter aprendido.

O que significa que quando as 7 da manhã cheguei a conclusão que a dôr insuportável no ouvido que tinha começado 4 horas antes não ia passar fiz aquilo que qualquer pessoa adulta e independente faz: telefonei a minha mamã para me levar ao shôtor porque a menina tem dói dói...

(a minha mamã, para que se saiba, conhece o hospital de São João como a palma da mão. Até trata alguns médicos por tu. Consequências de quem teve a infelicidade de passar tempo demais lá)

Primeiro há o check-in (como nos hoteis, mas sem ser chique): nome, morada, cartãozinho, "então diga lá de que se queixa..."

Depois há a triagem: Um puto com ar de quem ainda está no 9º ano vai fazendo perguntas e registando no pc o que lhe digo. Aparentemente o hospital rege-se por uma regra de cores. Quando maior a dôr, mais forte a côr, e mais rápido o tratamento. (fica a dica: qualquer que seja o vosso problema, quando o puto vos perguntar o quanto dói, exagerem. Aliás, se puderem gritem ou chorem. Com sorte ficam o a pulseira laranja ou vermelha.)

Saiu-me a pulseira amarela. Vá lá, fiquei a meio da tabela...

Posta a pulseira lá vamos nós atrás do maqueiro para a sala de espera para finalmente sermos vistos por um médico a sério.

Não há nenhum outro paciente na sala de espera de otorrino. Só eu. Mesmo assim espero 15 minutos.

Chamam-me, mas não é para ser atendida! É para esperar, desta vez sozinha, dentro do consultório, enquando os médicos (eram 3) conversam sobre assuntos extremamente interessantes que nada tem a ver com a paciente com ar de sofrimento que partilha o espaço com eles.

Depois vêm um a um olhar para o meu ouvido. Todos os 3! Lindo! Até me senti importante... Dizem uns para os outros "é uma otite média aguda" e vão para outro canto olhar enquanto um outro gajo que estava lá escrevia no pc a uma coisa qualquer de forma alguma relacionada comigo.

Uns 10 minutos depois um deles pega num bloco, e começa a "aviar-me" uma receita. O do lado ainda o corrige: "Synalar não é assim que se escreve. É com nê de nada" (juro que ele disse mesmo nê!)

E pronto... dá-me o papelinho, saio, vou ter com a mamã, e vamos fazer o check-out.

"São 10 euros por favor. Obrigada e volte sempre..."

Quando vinha na viagem de volta para casa é que me apercebi que ainda tinha o raio da pulseira no pulso. Arranquei-a e olhei para o que dizia. Para além de códigos numéricos e o meu nome tinha um campo para preencher que dizia "causa".

E na minha pulseira o campo está preenchido apenas como doença!
Causa = Doença
. Ahhhh... pois....

(Deve ser para distinguir das pessoas que vão ao hospital por lazer!...)

E agora com licença que os analgésicos finalmente fizeram efeito e eu vou dormir mais um bocado porque 2 horas de sono não me chegam...

1 comentário:

TugaSurveyor disse...

ya. dito assim até teve piada. dou-te um 8.5 pela adaptação da vida real à comédia. muito bom post.