Vamos ser realistas: Ninguém está de bom-humor de manhã! Ninguém acorda cedo, com chuva lá fora, e pensa "hmmm... isto o que me estava a apetecer agora era sair de casa, apanhar transportes publicos, ficar preso no transito e passar 9 horas a trabalhar..." E aos que pensam realmente isso (se é que tais pessoas existem) permitam-me a insolência mas sois uns idiotas!
Dito isto há que apontar aquela que me parece ser a unica excepção permitida á regra: as crianças.
É vê-las manhã cedo a correr, a rir, a fazer palhaçadas a completos desconhecidos. Sono? Isso não se usa quando temos 4 anos. Basicamente porque podemos dormir sempre que queremos. Alguém é capaz de negar uma sesta a uma criança?
Tá certo que há sempre aquelas que vão a dormir muito descansadinhas no colo da mamã/papá (inveja!!!) ou aquelas que vão amuadas todo o percurso do metro porque não puderam ser elas a carregar no botão para as portas abrirem; normalmente são as mesmas que correm para a porta na hora de sair e põe logo a maozinha a cobrir o botão, para ninguém mais ousar privar-lhes do prazer de carregar nele.
Ora hoje, por volta das 8.15 da manhã tive o prazer de viajar no metro com um puto, que não teria mais do que 3 anos, e que conseguiu, sem qualquer esforço para tal, roubar-me um sorriso. E não é um daqueles sorrisos forçados que trocamos com as pessoas, embora desconhecidas, com as quais nos cruzamos na rotina do dia a dia. Falo de um daqueles sorrisos a sério. Daqueles que fazem bem a alma e que exercitam a bochecha :)
O metro estava cheio, não o suficiente para viajar feito sardinha em lata, mas o suficiente para não haver lugar sentado. Era um dos grandes com 2 carruagens (quem conhece o metro do Porto sabe do que estou a falar) e a falta de melhor lugar fiquei posicionada mesmo encostada a porta que dá acesso a cabine do motorista, vazia por sinal já que iamos na segunda carruagem. Ao meu lado lá ia o tal puto, que minutos antes tinha andado a correr de um lado para o outro na estação, e portanto deveria ser, no meio de dezenas, a pessoa mais acordada e com mais energia.
De repente os olhinhos arregalaram-se, ele olhou espantado para a cabine vazia, olhou para mim, depois para a mãe, e com excitação, e quiçá algum pânico, na voz exclamou: "Ah... o meto anda sozinho!" A mãe lá lhe explicou que não, que o senhor motorista estava a conduzir mas ia na carruagem da frente... e ele, com um ar um pouco desiludido e já sem grande fascinio pela conversa respondeu com um "tá bem" e voltou a brincar com o carrinho que tinha na mão.
Nota post scriptum
Apercebo-me agora que:
1) este post está um tiquinho (também se pode dizer um niquinho, ou um coche) lamechas...
2) a palavra quiçá é pouco usada da linguagem portuguesa... e é uma pena...